(...) Desenfaixaram minhas mãos e pés —
O grande striptease.
Senhoras e senhores,

Eis minhas mãos
Meus joelhos.
Posso ser só pele e osso,

No entanto sou a mesma, idêntica mulher. (...)

domingo, 27 de março de 2011

E quanto mais o tempo passa, menos significo para as pessoas...

AMADEUS

E quem liga?
Se seu chão está marcado de pegadas,
indo e voltando,
porque você é humano
e indeciso?
E suas roupas encharcadas de suor
do seu esforço;
sujas com suas vitórias irrisórias...
Quem nota seu riso durante um sonho?
Quem anota quantas vezes você chora?
Essas marcas que você mesmo fez.
Essas que lembram as que
não se pode ver.
São importantes batalhas vencidas? Não!
cicatrizes assimétricas.
E quem liga?
Vencer, perder, viver, acaba no mesmo.
O mesmo mármore frio pra todos.
Não se pode ganhar quando nada se tem
pra apostar.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Dizer o que tenho pra dizer.

Eu não tenho que escolher nada.
Eu, na verdade, não quero. É tão frustrante. Você escolhe, você perde. Automático.
Me deixem ser, me deixem estar, poder, sorrir, amar sem fronteiras (já diria a TIM) e fica por isso mesmo. Qualquer hora as coisas tomam seus rumos e eu, por fim, hei de tomar o caminho promissor. Mas não esperem que eu, em meus imaturos e inconsequentes 20 anos escolha coisas que durem por 80 anos. Não, isso não. Nem que eu fosse absolutamente normal e dona de minhas faculdades mentais.
Eu quero provar. Saber o quão delicioso pode ser algo ou o quão desastroso. E posso pensar em me arrepender, a curto prazo. A questão é que aos 80 saberei que nenhum dos meus "experimentos" foi em vão.
Essa coisa de nostalgia é para os mais velhos. E essa outra coisa de projetar tudo é para os arquitetos, para engenheiros. Eu não sou mais da engenharia!
hahahahaha
Eu sou HUMANA.
E é bom não ser tão exata, não ter tanta certeza. Poder ser abstrata em tantos pontos e ser genial por isso.

Everybody's gotta learn sometimes...




segunda-feira, 14 de março de 2011

Bailarina



Esta menina

tão pequenina
quer ser bailarina

não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé

não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá

não conhece nem lá nem sí
mas fecha os olhos e sorri

roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina

mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.


Cecília Meireles


domingo, 6 de março de 2011

Todo jornal que eu leio, me diz que a gente já era...

...que já não é mais primavera. Oh, baby. A gente ainda nem começou!

E o poema de hoje diz tudo...
...

A HISTÓRIA É A MESMA

E a busca por eterna e imaculável atenção
Maculava seu caráter
Eternizava seu sofrimento
Porque ninguém é capaz de
Ser assim
Tão íntegro
Tão concreto
Tão presente
Tão inescrupulosamente sem erros.

Mas ela buscava sempre
E sempre errava na busca
Buscando no lugar errado
Posto que todos os lugares fossem errados
Neste tipo de busca.

Pobre criança.
Cravando nos punhos suas derrotas estúpidas.