(...) Desenfaixaram minhas mãos e pés —
O grande striptease.
Senhoras e senhores,

Eis minhas mãos
Meus joelhos.
Posso ser só pele e osso,

No entanto sou a mesma, idêntica mulher. (...)

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Perdição


Você já se perguntou o que tem do outro lado do espelho?
Se aquela divisória de cabelo escondida por alguns fios é mesmo real ou se é artifício da sua mente frágil e cansada...
Onde está o respirar? O ar? Está no lado “de lá” ou em você?
E você?
Está do lado “de lá”, “de cá”, “no meio”...
Por que é tão difícil fazer a coisa certa quando estamos no lugar errado, mas é invariavelmente fácil fazer a coisa errada em qualquer lugar?

NASOGÁSTRICA
E se arrancassem de você sua paixão?
Se obrigassem a abandoná-la,
Sem mala, roupas ou mantimentos,
Em uma estação de trem qualquer?

E se, além disso, envenenassem-lhe a mente
E lhe fizessem odiarem-na
Com um ódio atemporal
Que você nem sabia ser possível sentir?
Se lhe fizessem desprezar sua obsessão...

O que viria depois?

Depois que você não mais tivesse as emoções
Que a emoção visceral dela lhe dava?
O que viria no seguimento do abandono completo
De sua dedicação de tempo
E alma?

E depois que você se enquadrasse?
Depois que você ficasse de pé,
Sobre os dois pés.
Depois que você amasse até o orgasmo;
Beijasse no segundo encontro;
Odiasse em segredo;
Abafasse seus gritos no travesseiro de madrugada...

O que viria?

A normalidade?
A felicidade?
O equilíbrio? O meio termo?
Viriam os filhos correndo, o reconhecimento pelas pequenas conquistas?

Sim.

Mas as grandes,
As realmente grandes,
As apaixonantes e apaixonadas conquistas
Ficariam na estação de trem onde você abandonou
Espontaneamente
Toda sua exacerbação de caráter.

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Não se abra com seu amigo, que ele outro amigo tem. E o amigo do seu amigo, tem outro amigo também! - Mário Quintana (CUIDADO COM AS PALAVRAS)