(...) Desenfaixaram minhas mãos e pés —
O grande striptease.
Senhoras e senhores,

Eis minhas mãos
Meus joelhos.
Posso ser só pele e osso,

No entanto sou a mesma, idêntica mulher. (...)

sábado, 2 de abril de 2011

Fragmento de outro blog...


— Você vai querer café?
Aquele dia foi um dia estranho. O mundo estava menor e o tempo estava parado e as
horas passavam rápido demais sempre.
— Você quer café?
Ela vinha agindo diferente. Ela já não tinha mais aquela velha aparência jovial. Seu rosto era duro e sem curiosidade. Ela já teve cheiro de hortelã.
— Sim, por favor. Com bastante açúcar.
Café para mim tem gosto amargo. Café tem gosto de funeral. Café era o que nos mantinha a sanidade e os níveis de ansiedade baixos quando morria alguém de nossa família. Era para nos manter acordados, já que o que mais queríamos era poder deitar e relaxar e saber que quando acordássemos tudo estaria bem.
— Precisamos conversar.
Ela sabia tão bem quanto eu que eu não gosto de café. Ela não vinha prestando atenção no que eu dizia. Estávamos distantes. Ela estava distante.
Ela se sentou bem perto. Ela me olhava na alma. Não me reconheci no reflexo em seus olhos. Ela me via como um monstro. Ela tinha mudado muito desde que nos encontramos pela primeira vez.
— Estou indo embora.
O café que ela tinha preparado estava bastante amargo, mais que o usual. Ela não tinha prestado atenção quando lhe pedi bem doce.
— Acabou o açúcar?

"Je vous conseille vivement" a ler esse link e descobrir a que sub-realidade dessas nossas vidas 
tão pacatas pode ser muito mais do que tomar um café amargo de pessoas queridas que 
não prestam mais atenção quando pedimos açúcar (ou adoçante).

Por Willian Pinheiro


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