(...) Desenfaixaram minhas mãos e pés —
O grande striptease.
Senhoras e senhores,

Eis minhas mãos
Meus joelhos.
Posso ser só pele e osso,

No entanto sou a mesma, idêntica mulher. (...)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

GATOS E CORES


As minhas relações interpessoais são perturbadas.
Mas quais relações interpessoais não são perturbadas? Eu mesma não conheço ninguém dito socialmente normal que tenha um padrão comum de relações. Uma hora ou outra eles “surtam”, sempre.
No entanto, eu não quero fazer um estudo antropológico das relações das pessoas. É como um gato ainda filhote: são lindos, mas podem arranhar e deixar grandes machucados. E dão trabalho. Não que seja ruim, mas é assim.
Alguns já me disseram que eu escrevo bem. Eu lhes perguntei “como?” e aí travaram, não souberam escrever, nem descrever a idéia de bom que tinha em suas mentes. Tudo bem, eu acredito mesmo assim. Meu ego permite.

“Faça, fuce, force, vá:
Derrube essa porta.”

Raul Seixas tem sempre sacadas ótimas, tomo essa agora como minha meta de vida!
Certo, você pode não entender, mas eu tenho mesmo, nesse instante, uma porta a ser derrubada. A porta das minhas limitações ridículas e tão loucas. Difícil derrubar uma porta, pelo menos pra mim, porém, se for forte o bastante, basta um golpe. Às vezes dois.

Daqui posso ver árvores, casas, chaminés. Isso, olhando longe, longe da minha mesa onde estão meus problemas, minha foto com o autor famoso (que eu nunca serei). Aqui na minha mesa posso ver minha calculadora, com a qual calculo meu IMC todos os dias. Daqui vejo meus espelhos, dos quais sou escrava, admito. Posso ver meus livros, onde me escondo; meu gato de cerâmica que me lembra as internações...
Posso ver, desta cadeira, todo meu problema, ou todas as minhas dificuldades. Então prefiro olhar e escrever sobre as árvores, que estão longe daqui e longe de ter qualquer coisa a ser resolvida.
Sinto-me diante de uma prova de Cálculo, e não quero olhar as questões, não sei resolvê-las, quero olhar as pessoas passando pelo corredor, ou a mochila desalinhada do meu colega mais adiante.
É muito, infinitamente mais fácil assim. Tirar o foco, mudar o foco.

Minha gata adoraria aquelas árvores tão verdes nessa época do ano, dependendo do peso dela, eu adoraria mantê-la sempre saudável, claro.
Vocês sabem se gatos enxergam cores?


Hoje a chuva tem cheiro de sabão em pó.

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Não se abra com seu amigo, que ele outro amigo tem. E o amigo do seu amigo, tem outro amigo também! - Mário Quintana (CUIDADO COM AS PALAVRAS)